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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dom Helder, antes de tudo, um místico


“Quem tiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo”*, ao assumir a 1964 a Arquidiocese de Olinda e Recife.

O místico é profundamente marcado pela graça de Deus com dons e talentos colocados a serviço do próximo. É alguém totalmente voltado para Deus e para a realidade com os pés firmes no chão, com grande capacidade de perceber, de modo lúcido, os desafios, as exigências e as dificuldades de seu tempo, com enorme vontade de superá-las.

Karl Rahner, sacerdote jesuíta, nascido na Alemanha, que viveu de 1904 a 1984 e foi um dos maiores e mais importantes teólogos do século XX, marcou forte presença, nem sempre bem compreendido, com os seus dons e inteligência privilegiada, como assessor do Concílio Vaticano II.  Desempenhou, também, papel relevante e de destaque, incentivando a Igreja Católica para que se abrisse ao mundo e às diversas tradições e dizia, com a coragem profética que lhe era peculiar, que o cristão do futuro será um místico ou não será nada.

O místico é aquela pessoa que sabe conviver e dialogar com todas as pessoas do mundo inteiro. Numa palavra, místico é o cidadão do Planeta, o cidadão universal, consciente de que o diálogo é uma arte que deve ser cultivada com sinceridade e paciência através da palavra, da conversa, do colóquio e da comunicação.

Dom Helder Câmara era, antes de tudo, um místico. Assim o definiu o nosso grande teólogo, Padre José Comblin. Como místico, tornou-se conhecido no Brasil e no mundo inteiro, por sua luta em favor da humanidade, especialmente, dos desafortunados da vida, dos empobrecidos e dos “sem voz e sem vez”.

Sua vida foi uma obra de arte, pela simplicidade de viver, conviver e dialogar, indo ao encontro de todos e amando-os indistintamente. Assim dizia Mahtma Gandhi: “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”. Certamente Dom Helder teve suas contradições, suas limitações e seus erros, mas, segundo Roosevelt, “o único homem que não erra é aquele que nunca fez nada”. Deus foi infinitamente maior, mais forte e sua bondade sem limites fez dele um belo instrumento de seu amor e de sua paz.

Místico é, pois, alguém que sabe experimentar o amor de Deus Pai e Criador, que inicia bem suas atividades, que é perseverante e que vai até o fim...  Dom Helder, profeta e místico, foi assim e sintetiza a vida com o seguinte pensamento: É graça divina começar bem, graça maior é persistir na caminhada, mas a graça das graças é não desistir nunca...

Pe Geovane Saraiva

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