Uma vez mais o evangelista Lucas nos apresenta a Jesus em caminho a Jerusalém, passando nessa caminhar por terra de estrangeiros.
Isto não é um pequeno detalhe senão que responde à intenção que Lucas tem de apresentar a missão universal de Jesus. Ele não veio só para o povo judeu, mas para todos os povos!
Lembremos que este evangelho está dirigido a uma comunidade majoritariamente étnico-cristã. O ponto de vista predominante é o dos gregos, o qual não excluía existência de uma minoria judeu-cristã.
Obviamente que esta mistura de cultura e tradições religiosas, assim como a convivência entre ricos e pobres trazia tensões e problemas à comunidade. Tendo este pano de fundo, voltemos a ler o evangelho que hoje nos é proposto. E com a ajuda de nossa imaginação contemplemos a Jesus caminhando, com seus amigos e amigas, decididamente a Jerusalém.
Saíram ao seu encontro um grupo de leprosos que pedem sua compaixão: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!». Nota-se que Jesus já era conhecido, mesmo fora de sua terra de origem.
E Ele responde ao pedido enviando-los a apresentar-se aos sacerdotes seguindo assim a lei judaica. Quando uma pessoa tinha lepra ficava excluída da vida social e religiosa do povo, tinha que abandonar a cidade ou o povoado e ir a morar no deserto ou nas cavernas.
Se ficava curada da lepra, era o sacerdote quem reconhecia a cura e concedia a re-inserção da pessoa na vida da cidade.
Então, ao enviá-los aos sacerdotes Jesus está dizendo para eles: “estão curados”, pelo qual os liberta da marginalização, devolve-lhes o direito de ser parte integrante e vital do povo como os outros. Aqui precisamos prestar mais atenção... Os leprosos, seguindo as palavras de Jesus, vão ao encontro dos sacerdotes, e é ali no caminho, que acontece a cura. É na simplicidade da vida cotidiana que Deus se faz presente. O “caminhar” dos leprosos pode ser interpretado como o trabalho de todos os dias, os estudos, as relações familiares e outras.
Muitas vezes, nosso imaginário religioso reduz a ação de Deus a certos lugares e espaços, pensando também que sua Presença tem que ser barulhenta, miraculosa, com fenômenos especiais!!
Assim vivemos como cegos, sem conseguir perceber a transcendência na realidade de todos os dias, o mundo é para nós um rosto mudo sobre Deus.
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