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sábado, 2 de outubro de 2010

27 Domingo do Tempo Comum




O evangelho de hoje inicia com uma petição dos/as discípulos/as à Jesus: “Aumenta a nossa fé!”. A fé no Segundo Testamento significa adesão a Jesus e sua proposta de vida. Os/as discípulos/as são conscientes de suas limitações e pequenez diante do caminho apresentado por seu Mestre.

Mas sabem a quem se dirigir. Não desistem em seu seguimento e trabalho senão que reconhecendo sua situação acodem humildemente a Jesus. Esta atitude dos primeiros/as seguidores de Jesus é para nós uma exortação a viver assim, em relação com Ele, abrindo nossa pobreza a sua ação fecunda.

Lucas não narra se Jesus responde a petição dos/as discípulos/as, antes bem o evangelista parece aproveitar a situação para explicar a eficácia da fé, capaz de fazer possível o humanamente impossível.Lembremos que desde o inicio do evangelho Lucas apresenta que, para Deus nada é impossível (1,37), mas assim como precisou do sim, da fé de Maria para que seu projeto se encarna-se, precisa do sim, da fé dos cristãos/ãs para que ele continue fazendo-se realidade ao longo de todos os tempos.

Paremos então, e olhemos para Maria, esta jovem mulher camponesa que se dispõe totalmente nas mãos de Deus, porque acredita em seu Amor criador. Junto com ela e com os discípulos/as de Jesus peçamos para ele: “Aumenta a nossa fé!”. 
  
O segundo parágrafo do evangelho parece não ter relação com o anterior. Talvez o elo condutor encontra-se na pequenez do ser humano na obra criadora de Deus. Na parábola de hoje se descrevem alguns costumes da época, que lamentavelmente não tem muita diferença com situações atuais, mas o sentido da parábola não é justificar a diferença social, senão situar nosso serviço ao Reino como um estilo de vida natural.


A missão dos cristãos/ãs é colaborar com a obra, com o trabalho de Deus (Jo 5, 17). Desta maneira o evangelho nos exorta a não apropriar-nos do que fazemos, dos frutos que podem nascer de nosso serviço. É um convite a uma vida humilde e serviçal, conscientes de que se bem colocarmos o todo de nos mesmos/as na missão realizada, tudo depende de Deus.

Lamentavelmente, rapidamente esquecemos nossa condição, e nos cremos autores e donos de uma vida gerada que não nos pertence. E em lugar de cantar o Magnificat, cantamos nossos “êxitos”, proclamamos nossos nomes e impomos nossas idéias. Mas este tipo de comportamento não é exclusividade dos homens ou mulheres de fé. Os desastres de nossos dias vêm daquilo que Spinosa, filosofo do século XVII, vira tão bem: o homem se crê “um imperador num império”.

É então pertinente a proposta do evangelho, que encontra o melhor modelo na pessoa de Jesus. Ele é o primeiro em tomar a condição de servo, transgredindo os costumes da época, porque sendo o Mestre, o Senhor, se cinge a cintura com uma toalha e serve a mesa dos seus discípulos/as, a mesa da comunhão, da vida em abundância.

Reconhecer-nos como servos é seguir os passos de Jesus, gastando nossa vida no amor e no cuidado aos outros/as, ao mundo. Podemos nos perguntar até quando? Ou talvez pensar que já fizemos bastante, agora que outros/as sejam os servidores.
Nas palavras que Lucas coloca nos lábios de Jesus na cruz: “Pai em tuas mãos entrego meu espírito” (23, 46), vemos que ele não guardou nada para si, foi servo até a morte e morte na cruz!

Por isso seguindo a exortação da carta aos Hebreus: “deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra em nós. Corramos com perseverança na corrida, mantendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé” (Hb12,1-2).


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