Celebramos no último domingo do vocacional mês de agosto a vocação de nossos queridos e abnegados catequistas, que transmitem e aprofundam a fé aos nossos catecúmenos. A Etimologia de catequese nos reporta à Instrução, pois a palavra vem do grego, que significa fazer soar nos ouvidos, ensinar pela palavra que se escuta.
Assim era no início das comunidades cristãs: a pregação oral. O método relembra as escolas rabínicas, onde os catequizandos aprendiam pela memorização do que ouviam na exposição oral dos mestres. Repetiam-se as palavras, até mesmo frase por frase, expressão por expressão. A tradição oral e o testemunho fazem parte de nossa maneira de “passar a fé”. Isso sempre virá antes dos atuais métodos, tanto em forma de livros como com os modernos meios digitais.
Faz parte desta missão anunciar o querigma em voz alta e partilhar a exposição inicial e completa do mistério cristão – a salvação em Jesus Cristo – levando as pessoas até a maturidade cristã. Porém, é também um processo no caminho do conhecimento de Deus, mas que visa à santificação e a espiritualidade do catequizando.
Neste processo está o catequista, que explicita a nossa possibilidade de nos relacionarmos com Deus no tempo que se chama hoje, mas que se projeta para o futuro e para a eternidade. Por isso é um projeto escatológico.
Já nos diz Puebla (cf. n. 351): catequizar é comunicar Jesus Cristo no Espírito Santo para poder transformar o homem por dentro, de modo que a Palavra tenha eficácia histórica, na sociedade e no cosmos. O grande desafio atual é que, após o primeiro anúncio, tenhamos pessoas que, acolhendo o chamado do Senhor, sentem-se animadas e entusiasmadas a aprofundar a fé, tornando-se testemunhas do Cristo Ressuscitado hoje. O catequista nos apresenta a Boa Notícia, a boa nova, que é Jesus Cristo, presente na mensagem salvífica de Seu Evangelho.
A catequese não pode ser simplesmente uma aula sobre Deus (daí a diferença do Ensino Religioso nas escolas) e sim a passagem da fé ao outro, que aceita caminhar regido por Jesus Cristo. De outra forma é apenas conhecimento de uma religião, no máximo. Catequizar não é simplesmente ensinar, muito embora tenha no seu bojo o sentido da educação e da formação, e sim anúncio e aprofundamento da fé.
A catequese esclarece o que é revelado pelo Senhor e o que nos é transmitido pela Mãe Igreja, mais que opiniões de teólogos, e por isso nos motiva a aprofundarmos em Deus para que este crer tenha consequências na nossa vida. A catequese é carregada de vitalidade e de profundidade.
Daí podemos com certeza afirmar a fundamental e importante missão do catequista no seio da Igreja. Contribuir para o conhecimento da pessoa de Jesus é algo que vai além de uma simples transmissão de conhecimentos: é trazer a salvação redentora de Jesus para aquela pessoa. A Catequese é uma atividade necessária para um conhecimento mais profundo da pessoa e da mensagem salvadora de Jesus Cristo.
Assim, o ministério do catequista não deve estar circunscrito apenas na iniciação das crianças, pois a sua missão é muito mais ampla: deve abranger todas as etapas da vida das pessoas que precisam continuar no processo de encontro com Jesus.
Daí que hoje, além da Iniciação Cristã, tão fundamental na caminhada catequética da Igreja, podemos também falar na catequese ao matrimônio, aos jovens e adolescentes, na catequese crismal, e na catequese dos adultos. Ou mesmo podemos falar em catequeses mais específicas que podem existir dentro das pastorais: como a dos encarcerados, dos doentes, e muitas outras situações e outras formas de abordagem da realidade das pessoas que precisam da mensagem de Jesus.
Ressalte-se que há hoje uma grande preocupação da Igreja com a catequese dos adultos, e isso em virtude da crise em torno da fé e da constatação de que a maioria não teve acesso a um aprofundamento da fé cristã. A atual negação dos valores religiosos é apenas uma etapa, que vai até mesmo à aceitação de algumas crenças não cristãs. A questão aqui é a própria identidade cristã, ou melhor, o que o cristianismo toca na vida das pessoas e as faz caminhar de uma maneira nova.
Pela ação dos catequistas, a Igreja é viva e ativa, e, por eles, quer espalhar a Palavra de Deus. Por eles, a Igreja nos diz: não basta saber, temos que acreditar. Acreditar e estar convencido do amor de Deus por nós.
O catequista é um evangelizador, é um missionário, levando as pessoas a um encontro com o Cristo e aprofundando a vida cristã com todas as consequências do crer. Pela ação do catequista pretende-se aprofundar, após o despertar no outro a maravilha, a admiração, a atração para Deus.
Neste dia, com toda a Igreja em ação de graças, rendemos muitas graças a Deus pelos catequistas, sobretudo por aqueles que trabalham em meio a grandes dificuldades de ambiente social. Somos agradecidos pelo empenho de tantos, homens e mulheres, a quem são confiados a transmissão e aprofundamento das consequências do Evangelho.
A catequese é sempre um dom de Deus! Que Deus os abençoe e que a eficácia de sua missão seja sempre fruto do Espírito Santo, mediada por Maria, a estrela da Evangelização.
Dom Orani João Tempesta
Fonte: CNBB Nacional
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